O mundo é cruel – todos o dizemos.
Observamos o veneno invadir as notícias pelas televisões e jornais, e alguns de nós observamos o veneno entrar porta a dentro, sem que nada possamos fazer para o contrariar. Na nossa casa, no nosso mundo, descobrimos que já não existe o mundo grande onde tudo é distante e o mal acontece lá longe onde não nos podem tocar. Não… é este nosso mundo, o mundo outrora grande e agora pequeno que é, e afinal de contas, todo o nosso universo.
A pena de morte viola vários artigos da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Trata-se assim de uma prática discriminatória, da tortura de um Ser Humano, e não oferece maior protecção à sociedade - mas sim mais violência. É uma perigosa arma política, e não olha a meios para atingir os seus fins/objectivos - não considerando a possibilidade de erro/de um julgamento de inocentes, condenados pelo crime de um outro alguém. Constata-se assim, que esta prática já terá tirado, e continuará a fazê-lo até ao despertar da consciência humana, a vida de muitos inocentes, à custa da prática de erros judiciais que não podem ser corrigidos.
Qual o produto da condenação de um criminoso para a sociedade? A pena de morte não tem um efeito dissuasor superior à prisão perpétua (a investigação comprova-o).
Então porque continuamos a tirar a vida a Seres Humanos?
Alimenta-se o prazer mórbido de não ser suficiente (e até portador de maior sofrimento) ver alguém acabar-se lentamente sobre si mesmo.
Onde está a legitimidade de decidir quando é que uma vida deixa de ter valor, quando é que um Ser Humano deixa de ter direito a Existir em sociedade?
Sejamos então não só a nossa própria consciência, questionemos a consciência do mundo, onde se dita que os Direitos Humanos são inalienáveis, percebamos que não podemos retirá-los independentemente do crime que uma pessoa possa alegadamente ter cometido. Todo o Ser Humano é capaz do bem, do mal, da mudança, é capaz de ser justo, de ser injusto, de errar e de acertar.
O Ser Humano é uma caixa de lego completa, que traz todas as peças para construir, e desconstruir (destruir?).
Se todo o ser Humano é capaz de tanta coisa e tão ambivalente e contraditória, acho que temos sorte, porque nenhum Juíz (humano ou não), sabendo à priori de todas as nossas capacidades benéficas e maléficas, achou por bem condenar-nos à morte logo à nascença, condenar-nos à morte como nós achamos ter o direito de fazer uns com os outros, sabendo o perigo que todos nós podemos constituir. Ou esperem… afinal condenou.
O mundo é cruel – todos o dizemos!